http://www.flickr.com./photos/electrobot5000/1545043130/
É incrível como não percebemos a mudança de nossas próprias percepções sobre determinadas situações.
Uma certa vez, quando minha Pititiu tinha lá seus dois anos, fui a uma festa de aniversário de dois primos meus que faziam sete e nove anos.
No meio da festa, que estava muito divertida, eu e ela encontramos um quarto da casa aonde eram guardados os brinquedos dos aniversariantes.
A partir do momento que entramos, o que para ela foi uma festa à parte, devido a grande quantidade de carrinhos, bonecos, jogos, tv com filmes infantis, CDs, pipas, gibis e um monte de outras coisas, para mim foi algo que me deixou perplexo por demais. Imediatamente me perguntei como era possível duas crianças juntar tantos brinquedos?
E não se engane se você ao ler a descrição acima imaginou um quarto todo arrumado, com estantes para os brinquedos, armários próprios para os DVDs e livros. Aquele cômodo era uma verdadeira bagunça, uma tremenda desorganização. Na realidade, mais da metade dos “brinquedos” eram verdadeiras tralhas, um monte de pedaços de brinquedos, uma grande parte eram usados sem qualquer aparência de zelo.
Enquanto fiquei lá, analisei a quantidade e pelos meus cálculos, tinha, no mínimo, um brinquedo para cada 15 dias de vida de cada dos aniversariantes.
Saí da festa decidido a não repetir o mesmo erro, se é que posso assim considerar o fato de atolar a criança com brinquedos.
Acontece que, acabo de voltar do quarto da minha filha e o que me motivou a escrever sobre esse assunto é que ele se encontra em um estado igual ou pior ao que vi três anos atrás na casa dos meus primos: uma verdadeira bagunça, lotado de brinquedos e tralhas!
Porém, essa não foi a minha pior constatação que pude ter dessa situação. Eu explico: nessa semana passada, voltando de uma visita a um cliente pela rodovia, avistei de longe uma pipa da Hello Kitty cor de rosa, toda estilizada, uma coisa linda. Paguei R$ 30,00 todo satisfeito acreditando que ela ia adorar, achar o máximo!
Já em casa, a chamei para descer na garagem e mostrar a pipa nova. Ela olhou, disse que era legal e simplesmente foi brincar no Playground. Nem pegou ela e saiu correndo um pouquinho…
Nesse momento, estou eu decepcionado, sentado segurando a pipa na mão, quando a minha esposa vira e diz:
- É! Foi-se o tempo em que ganhar um brinquedo novo era motivo de alegria.
Percebi então que depois de ter repudiado aquele comportamento dos meus tios de atolar a criançada dele com brinquedos, estava fazendo o mesmo com a minha filha. E nem tinha percebido.
Na realidade, não é que hoje não se fica mais feliz por ganhar um brinquedo novo. É que ganham brinquedos a torto e direito, sem motivos que justifiquem o merecimento.
Agora, me dêem licença que tenho um trabalhinho para fazer: dar uma limpa nos brinquedos dela. Vou separar os melhores e os que ela mais gosta. E o resto vai tudo para doação, principalmente aqueles que vem com o McLanche Feliz, que vão no mesmo dia para o baú e de lá não saem mais, esquecidos. Ou, como aconteceu algumas vezes, nem do carro saiu.