Divagando um pouco sobre Animação e também aproveitando a entrega do Oscar, aproveito para comentar sobre o trabalho de um animador.
Eu brinco que o animador, ou mesmo um cartunista, desenhista, é um ator frustrado. Muitas vezes, ele é tímido para se expressar, e faz isso melhor pelo desenho.
Acho que o que mais sintetiza meu pensamento foi a indicação do longa metragem animado A Bela e a Fera da Disney ao Oscar de mehor filme no ano de 1991.
Foi o primeiro e único desenho a receber este tipo de indicação, o que indica que seus artistas, animadores principalmente, conseguiram superar a arte de se expressar através do desenho e da animação dos traços. E isso em um desenho em 2D. Afinal, apesar de todo o mérito da animação 3D, você tem aquele scanner e outros aparelhos que passam para o modelo 3D as expressões humanas e os movimentos.
É muito mais trabalhoso você puxar da sua memória, intuição e mesmo de um espelho amigo na mesa de trabalho (para você observar suas caretas), a emoção de um personagem para o papel, através da agilidade de suas mãos, do que um scanner de movimentos para o modelo 3D já pronto.
Mas voltando ao Oscar, concorrendo ao prêmio de melhor animação deste ano (2008) temos duas animações que se destacam: Ratatouille – o vencedor – e Persepolis.
Acho o prêmio à Ratatouille merecido! A perfeição e a beleza de Paris, a história, os personagens, tudo cativante e perfeito. Sempre que vejo a Pixar ganhar um Oscar, lembro-me de Ken Perlin, amigo do fundador da Pixar quando ambos faziam pesquisa em computação gráfica na universidade nos anos 70.
Ken Perlin foi quem criou a idéia da textura para objetos 3D e revolucionou toda a industria! Se hoje vemos “pelôs” e “cabelos” nos personagens, a idéia, a “célula” foi dele!
Conheci-o pessoalmente, quando tinha uns 39 anos, e parecia ter 10 anos a menos, com seu jeito de garotão. Cara simples, simpático, com aquele jeito manso e humildade que só os gênios tem.
Ganhou um Oscar por esta enorme contribuição que deu à industria da computação gráfica.
O outro concorrente ao Oscar é Persepolis, cuja Graphic Novel já era conhecido, desenhado e escrito por Marjane – uma cartunista iraniana – que conta como era sua infância e adolescência durante a Revolução Iraniana. Como desenhista e animadora, sempre me alegro muito ao ver uma mulher tendo sucesso nesta área, onde alguns ainda se surpreendem com o talento feminino. Uma animação que vale a pena ver!
Aqui um link de jornal online para você saber mais sobre Persépolis:
http://www.estadao.com.br/arteelazer/not_art128262,0.htm
Beijos da Mafalda