Roberto Justus e sua entrevista para Marília Gabriela
Autor: Mafalda ~ 2 de fevereiro de 2011. Categorias: Sofá da Mona.
Fonte da imagem: UOL Televisão – Notícias
Roberto Justus é um empresário milionário e dá palestras para outros, que acreditam que ouví-lo os alçará para o sucesso. Pele clara e cuidada, cabelos grisalhos penteados e fixados com laquê, olhos azuis, sempre com ternos e gravatas impecáveis. Roberto Justus parece nem suar. Cinqüentão, casou-se com jovem bonita. Diz-se viciado em mulher bonita. Justus parece obstinado em vender a imagem e a fórmula do “sucesso”. Mais, Justus cultua a imagem daquele que não conhece o fracasso.
Sua incursão na franquia de O Aprendiz, fazendo as vezes de um Donald Trump mais bem apanhado funcionou bem nas edições do programa. Mas Justus queria mais. Queria ganhar o mundo da televisão. Justus queria cantar também (ele, e apenas ele, acredita em seu talento como cantor). Sua fortuna permitiu-lhe realizar ambos os sonhos. Apresenta um programa de audiência inexpressiva (1 contra 100) e tudo indica que desistiu dos planos iniciais de produzir programas para o SBT (o que gerou uma maré de demissões na emissora).
O “super” Roberto Justus foi entrevistado pela jornalista Marília Gabriela. Os assuntos de sempre, nada bombástico, até porque são colegas de emissora. Mas quando Roberto Justus decide se expressar fora de uma personagem pré-definida, quando resolve sair do script, as pérolas retrógradas, o machismo e o preconceito jorram abundantes. Medo.
Nesta ocasião específica, enveredou-se para seu lado empresário. Aí veio a “pérola”: de acordo com Justus, não se deve contratar uma pessoa acima do peso porque isso é prova de menos inteligência e auto-controle. Segundo o raciocínio de Justus, obesidade é sinal de fraqueza e de menos competência (eu gostaria que ele fosse entrevistado pelo Jô Soares após tais declarações….seria muito educativo).
Hoje, estar acima do peso pode tirar as chances de uma pessoa, mesmo que super capacitada, de conseguir um emprego. Embora nenhum recrutador ou departamento de recursos humanos assuma abertamente, tal discriminação ocorre porque as empresas não querem assumir um empregado com maior chance de se ausentar por motivos médicos. Ou porque não querem associar sua marca a uma pessoa obesa.
Sim, é um mundo escroto, mas certo ou não, ninguém colocou em discussão a inteligência do candidato. Ninguém associou inteligência ao peso. Ninguém afirmou que ser obeso foi uma escolha ou resultado de fraqueza de caráter.
Associar imagem corporal ao desempenho intelectual ou outras habilidades e competências não é invenção de Justus. Num passado recente, tivemos um cara que buscou construir uma nação inteira só com exemplares “perfeitos”- uma nação de arianos bonitos, atléticos, de olhos claros, inteligentes… Parte do plano incluía exterminar os “não perfeitos”. Deficientes físicos, doentes mentais, idosos, homossexuais, ciganos, judeus… Mais de seis milhões de vidas “imperfeitas” viraram cinzas nos céus do império nazista de Hitler.
Não, não acho exagero a lembrança… Negar oportunidades também não é um modo de “matar” uma pessoa? Velada ou declarada, a exclusão injusta de milhares de pessoas incríveis e brilhantes (e acima do peso) está rolando agora em muitas empresas. Em tempos de Big Brother no ar e férias, declarações tacanhas e perigosas (pois influenciam empregadores, que compram as palestras de Justus e querem imitar seu “sucesso”) podem passar despercebidas. Mas sua semente vem sendo plantada…
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