Preciso dizer que te amo
Por Phoebe - 10 de agosto de 2008. Categorias: Sem categoria.
Esse texto eu escrevi no ano passado, logo após o Dia dos Pais. Hoje, um ano depois, pergunto àqueles que ainda têm a sorte de ter os seus pais por perto: você já abraçou o seu pai hoje? Já o beijou e disse, com palavras ou com o olhar, que o ama muito? Esse texto fala sobre isso.
Uma das maiores dificuldades que encontrei na fase adulta foi conseguir demonstrar o amor que sinto pelo meu pai.
Em algum lugar perdido no tempo, deixei de ser a menininha que corria para a porta da sala ao menor ruído da chave girando. Onde foi parar aquela menininha que era capaz de passar horas a fio sentada no colo do pai só para ouvir sua voz e suas doces histórias? Que não perdia a oportunidade de abraçá-lo e beijá-lo? Que dizia “eu te amo” o tempo inteiro, através de palavras, gestos e desenhos?Não sei. Entre uma fase e outra da minha vida, talvez durante a rebeldia da adolescência, simplesmente deixei de ser a garotinha do papai e nunca mais encontrei o caminho de volta. Abraços, beijos, um “eu te amo” dito no meio de uma conversa, tudo isso ficou para trás. Em seu lugar, ficou a vergonha. Vergonha de abraçar, beijar, dizer “eu te amo”. Não uma timidez remota, mas uma vergonha grande que impede, bloqueia, ergue um muro à minha volta.
Nem mesmo em ocasiões especiais como Natal, aniversário e Dia dos Pais eu consigo transpor esse muro. Tantas vezes desejei dar um abraço mais forte, mas esse sentimento estranho me impediu de fazê-lo.
Por todo esse tempo, o meu maior medo era que meu pai fosse embora sem ouvir de mim, ao menos pela última vez, o “eu te amo” que aquela menininha de anos atrás tanto lhe dizia. Certa noite, ainda na adolescência, tivemos uma briga muito forte e fui dormir sem dizer “boa noite” para ele. De madrugada, fui acordada pela minha mãe, avisando que ele estava passando muito mal. Levantei de sobressalto e corri até o seu quarto, mas era tarde demais – ele havia falecido. Gritei, chorei, fui invadida por um violento sentimento de remorso. E nesse momento eu acordei, tinha sido apenas um pesadelo. Levantei e fui até seu quarto, ele estava dormindo. Desejei acordá-lo só para dar um abraço forte, pedir desculpas e dizer o quanto eu o amava, mas não consegui. Novamente, aquele muro intransponível não me permitiu agir de acordo com o meu coração.
Aos poucos, fui me conformando com a situação, sabendo que jamais serei capaz de encontrar o caminho de volta, jamais conseguirei demonstrar meus sentimentos para ele da forma linda que eu fazia quando era aquela menininha.
No Dia dos Pais desse ano, decidi que seria diferente. “Custe o que custar, darei um abraço forte nele e direi o quanto eu o amo.” Passei metade do dia com ele e nada! Só de pensar em colocar a minha resolução em prática, meu coração já acelerava e eu era tomada por uma angústia forte. Na hora de ir embora, já quase entrando no carro, virei e dei um abraço nele. Meio desajeitado, é verdade, mas foi um abraço. E nesse abraço eu consumi todo o meu estoque de coragem… Não sobrou nada para o “eu te amo”.
Voltei para casa feliz por ter conseguido abraçá-lo, mas ao mesmo tempo me sentindo mal por não ter dito finalmente, depois de tantos anos, que eu o amava. Perto da meia-noite, ainda estava triste comigo mesma e não conseguia dormir. Lembrei-me de haver recebido por e-mail uma mensagem linda falando sobre a gratidão de um filho para com o seu pai. Esse texto terminava com um “EU TE AMO” assim, em letras garrafais. Remexi na minha caixa de e-mails até encontrar a mensagem. Cliquei em “Encaminhar”, coloquei o endereço de e-mail do meu pai e, por fim, “Enviar”.
No dia seguinte, logo cedo, uma mensagem sua me aguardava. “Não sei como agradecer e retribuir tanta atenção, carinho, dedicação e afeto que você me tem proporcionado. Muito obrigado por este dia especial e pela oportunidade que o Bom Deus nos permitiu de ficarmos juntos. Beijos.”
Posso imaginar as lágrimas que certamente se formaram em seus olhos ao ouvir aquele “Eu te amo”, ainda que através da tela do computador, depois de tantos anos aguardando pelo retorno da sua terna garotinha
10 de agosto de 2008 às 16:22
Phoeb, fresca!
Já me acabei chorando aqui de novo!
Eu tbm não consigo dizer: Eu te amo! Falo muito pro Coró, enquanto ela ainda não é adolescente e deixa eu chegar perto dela. Mas só pra ela.
Preferi mostra com ações do que com palavras, pq acho que esse bloqueio não vai me largar tão cedo.
Lembro de quando um grande amigo meu morreu e o irmão dele pirou pq nunca tinha dito que o amava. Pirei junto, pq eu tbm nunca tinha dito isso pra ele. Em seguida perdi meu avô. Pirei mais ainda.
Para não falar que eu nunca falo, alguas vezes, falo por telefone, mas desligo correndo e começo a chorar.
Na novela das 9 a vida é tão mais simples, não?
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10 de agosto de 2008 às 18:59
Lindo o texto!!!
As vezes tenho uma certa vergonha tb de fazer isso, mas o bom é que o meu pai não tem a miníma e vive se escrachando sempre para todos os 3 filhos, então quando dá um receio logo passa, pq sei que se não abracá-lo ele vem e abraça.
É um pai do caral#$% e um exemplo de homem.(com seus muitos defeito, mas quem não tem).
Dra. parabéns pelo texto.
PS. Agora só uma dica, sou um cara tímido, mas ninguém percebe, pois quando percebo que uma situação pode me intimidar é aí mesmo que a encaro, tanto na vida particular como profissional (embora na profissional seja mais facíl “geralmente”).
Bjos Monas…
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10 de agosto de 2008 às 19:18
Nossa estou doida pra falar com meu pai… ja liguei 2 vezes mas nao consigo acha-lo em casa!
Nessas datas é dificil estar longe de casa.
Vou continuar tentando… rs
beijos
Livia
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10 de agosto de 2008 às 20:01
Oi meninas!
Muito lindo o texto.
Eu sempre fui muito ligada ao meu pai e uma das coisas que mais me fez sofrer quando eu morei fora de casa foi não poder abraçar meu pai. Agora que eu voltei estou matando as saudades, nunca deixo de abraçá-lo. Dizer “Eu te amo” realmente é mais difícil, mas eu derrubo aquela barreira e falo, porque nunca se sabe o dia de amanhã, as pessoas têm que saber que são amadas enquanto vivas. Aprendi isso quando perdi meu avô, que era quase um pai pra mim. É isso, deixa eu parar senão meu teclado vai ficar encharcado…
Beijos Monas
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11 de agosto de 2008 às 10:37
Nossa Phoebe, muito lindo mesmo….
Parabens de verdade….
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11 de agosto de 2008 às 11:28
Phoebe,
chorei.
mesmo que tenha passado o dia dos pais. colo aqui, copio lá. encaminho e deu..s. salva?
é, temos q fazer nossa parte. só desejar, o desejar eu te amo, não dá. desejar talvez seja mmuito próximo do desdenhar. ao invés de desejar um te amo, um “feliz dia dos pais” temos que realizar. fazer ser assim, um “eu te amo” viral. tocante é quando se toca. quando nos tocamos, e assim, quem sabe podemos tocar o próximo, aqui no caso, o pai.
beijao Phoebe, obrigado por isso.
mau.
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11 de agosto de 2008 às 17:13
Phoebe… lindo demais o texto!! Ameiii…
beijo
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11 de agosto de 2008 às 18:56
Lindo, Phoebe!
Esse foi um dia dos pais bem complicado pra mim, foi qdo caiu a ficha de que eu terei que assumir o papel de “pai” do meu filho…
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12 de agosto de 2008 às 8:17
Realmente lindo o texto!
Abraçar meu pai eu até não tenho problemas, mas tenho problemas em falar “eu te amo” pra qualquer pessoa, é um bloqueio enorme que eu tenho….
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12 de agosto de 2008 às 8:41
Por que será que para as crianças é tão fácil mostrar os sentimentos, e quando adultos nos cercamos de bloqueios, orgulho, timidez e não conseguimos falar aqui que nos aperta no coração? Às vezes, precisamos voltar a ser crianças para expressar os sentimentos mais puros.
É dificil!!
Lindo, muito lindo o texto Phoebe!
bjs
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19 de agosto de 2008 às 16:34
Nossa, me identifiquei comletamente com o texto…
qdo era criança ao ouvir o barulho do carro entrando em casa eu já corria para a porta antes mesmo do meu pai entrar em casa…
tenho medo de pensar do quanto ele deve sentir falta do amor sincero e “sem vergonha” de uma criança
lindo o texto, me emocionou mto!
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15 de junho de 2009 às 15:52
Nossa, Adoreei este texto. Pois é verdade, muitas vezes não conseguimos dizer o quanto amamos alguém, e isso só acaba nos prejudicando mais. Saber dizer ” EU TE AMO “, é a peça fundamental de qualquer relacionamento.
Um beijo
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23 de junho de 2009 às 17:28
eu amo ele e não sei dizer isso pra ele só por carta
mais eu quero falar pessoalmeni mais eu não com sico
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9 de agosto de 2012 às 11:26
eu me acabei de tanto chorar lindo texto
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