Porque fazer humor e podcast é uma arte

































Meu Tipo de Mulher – por Eugênio Paccelli


Autor: Mafalda ~ 7 de janeiro de 2009. Categorias: Cantinho das Monas, Geral.

O jornalista e músico Eugênio Paccelli, ouvinte do Monacast, se inspirou em um dos episódios e nos mandou este texto que coloco aqui para vocês.

Acho que muitos dos nossos leitores e ouvintes vão se identificar.

Agradeço ao Eugênio pelo texto.

Beijos da Mafalda

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MEU TIPO DE MULHER

Sempre fico constrangido quando alguém me pergunta: “qual seu tipo de mulher?”

Claro que a resposta depende do interlocutor, ou interlocutora. O
engraçado é não consigo lembrar de nenhum homem que tenha me feito
essa pergunta. Talvez por isso nunca tenha parado pra pensar: enfim,
qual meu tipo de mulher?

Anos de sincericídio me ensinaram que para as moças a resposta certa é
sempre qualquer que seja aquela que elas querem escutar. Minhas
respostas, claro, iam ao gosto da freguesa: loira, negra, albina,
simples, inteligente, carinhosa, independente, alta, pequenina, magra,
farta. Um bom vocabulário e o tom de voz certo tornam qualquer suposto
defeito em virtude. Como já disse o Léo Jaime: “conversar com mulher
sem celulite é um saco!” Quem não se derreteria diante disso?

Porém, nunca havia pensado em qual realmente seria meu tipo de mulher.
Acho que nunca pensei nisso por achar muito mercantil a idéia de
buscar uma mulher de um tipo específico como quem procura um carro,
escolhendo características e cores. Do air-bag ao capô, exigindo tudo
exatamente ao seu gosto.

O fato é que temos nosso tipo, nossos tipos. Basta fechar os olhos e
imaginar para enxergar a fêmea customizada à nossa maneira.

Confesso minhas preferências. Formato de corpo, de rosto,
personalidade, poder cognitivo, conduta sexual. Juntando esses gostos
cheguei ao meu tipo de mulher. Ao menos foi o que achei.

A paixão é um desses eventos que tomba seus conceitos. A paixão é a
vida em estado de sítio. Dela saímos veteranos, saudosos ou amargos,
dependendo do resultado do combate. Ela tombou a idéia de qual seria
meu tipo.

Lembro daquele encontro como uma aula de sedução. Perfeita para
mostrar exatamente o que não fazer para ganhar uma mulher! Um mal
exemplo tão simétrico que bastava alguém fazer precisamente o
contrário do que fiz para ter qualquer mulher. Realmente uma lástima.
Apenas para dar uma idéia da tragédia: ao final da noite pedi um
beijo. Isso mesmo, falei textualmente “eu quero te dar um beijo”. Sim,
como espero que a escrita deste texto já tenha deixado claro, tenho
mais de doze anos de idade…

Por alguma razão inexplicável, consegui o beijo. Diante de um prelúdio
tão mal escrito, não havia como aquele não ser um péssimo beijo.
Lembro de contar o tempo, tamanho desconforto. Pensei “humm, vinte
segundos, já deve ser o suficiente” e tirei minha língua da boca da
moça.

Conversamos de forma visivelmente constrangida. Deixei-a em casa e
comecei a lamentar minha péssima performance. Quis desejar nunca mais
ter com uma mulher que me fazia ser tão ruim, que acabara
completamente com meu orgulho galanteador. Estranhamente, não
consegui. Passei a noite em claro, pensando nela, tentando entender
des-desacordado o que havia me atropelado. Sim, estava apaixonado.

Se já não entendia nada, a falta de sono não ajudou em nada minha
reflexão. A embriaguez ajudou-me a pensar afastando a razão. Foi aí
que percebi que, finalmente, havia descoberto qual meu tipo de mulher.

Meu tipo de mulher é aquela que me toma a segurança, me deixa sem
jeito nem palavras. Aquela que me faz ensaiar o que vou falar, que me
faz contar os dias antes de ser sensato lhe ligar, que me faz olhar
seu número feito um idiota esperando a coragem e a melhor hora exata
para conversar. A que me faz estragar a piada pra depois consertar a
graça. Aquela que consegue me transformar em um homem tosco. Aquela
que não sabe a razão pela qual nos gostamos. Meu tipo de mulher é
aquela que me faz menos capaz, até menos homem. Meu tipo de mulher é
aquela que me faz nada mais que um menino.

Eugênio Paccelli

OBS: Mulheres, no seu próximo péssimo encontro cuidado para não
dispensar alguém que iria mudar suas vidas. Lembrem: quanto pior,
melhor!





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