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Mona Cine – Lillian Gish: Musa do Cinema Mudo


Autor: Mafalda ~ 18 de junho de 2009. Categorias: MonaCine.

Mona Cine é a nova coluna da Monalisa de Pijamas, onde iremos falar de Cinema: desde criticas a filmes, à atrizes, diretoras, artistas da 7a. arte!  E quem estará sempre por aqui, deixando suas ricas impressões é a nossa nova colaboradora Mariana Bonfim, do blog Movie You.

Lillian Gish: Musa do Cinema Mudo

Lillian Gish nasceu em 14 de outubro de 1893 na cidade norte-americana de Springfield, estado de Ohio (qualquer lembrança de Simpsons é mera coincidência). Quando Lillian ainda era apenas uma criança, seu pai abandonou a ela, sua mãe e sua irmã. Aos 5 anos Lillian atuou em sua primeira peça de teatro passando boa parte da infância e início da adolescência viajando pelos Estados Unidos em companhias teatrais, utilizando todo dinheiro que ganhava para sustentar a ela e a família.

Durante as turnês teatrais pelos Estados Unidos, Lillian e sua irmã conheceram a atriz Mary Pickford, da qual se tornaram amigas. Em Junho de 1912 Dorothy e Lílian foram a um Nickelodeon (cinema antigo em que se pagava 1 níquel para ver um filme) York e para seu espanto a amiga do teatro estava no filme. Desta forma as duas irmãs, juntamente com a mãe foram até o “American Mutoscope and Biography Company” procurar pela atriz.

Neste reencontro as irmãs confidenciaram a Mary Pickford o quanto estava difícil encontrar papéis para elas no teatro, ela então sugeriu que tentassem trabalhar no cinema, onde poderiam ganhar bem e ainda continuar procurando por peças ou trabalhos como modelo. Reiterando a iniciativa, Mary se retirou para chamar por D.W. Griffith, apresentando as irmãs para o famoso diretor norte-americano. Griffith enfatizou que elas poderiam ser excelentes atrizes teatrais, mas que as falas, tão importantes no teatro, não o eram no cinema, necessitando então testar a expressão corporal das irmãs, pois a beleza das mesmas já seriam garantia de muitos níqueis de bilheteria. Começava a partir daí uma parceria de mais de 41 obras cinematográficas em que ela seria dirigida por ele.

Na maioria dos filmes Griffith soube utilizar plenamente a aura de Lillian para desenvolver a imagem da verdadeira heroína sofredora, simbologia esta que por muitos anos foi utilizada em diversas obras da indústria cinematográfica hollywoodiana. Hoje como bem sabemos a tão bem conhecida pose de “mocinha sofredora” foi substituída pela da mulher forte, sexy e corajosa como a Fox de O Procurado (2008) interpretada por Angelina Jolie, ou até mesmo Elektra, Tempestade, Jean Grey entre outras heroínas do universo Marvel que já foram parar na grande tela.

Nos idos de 1914 as críticas nos jornais sobre os filmes e a interpretação de Gish nestes foram muito positivas e a fama chegou de forma surpreendente rápida a ela, em uma época em que não havia internet, televisão ou mesmo uma mídia impressa consolidada para espalhar a foto de famosos com tanta rapidez. O que ocorreu é que o belo rosto de boneca de Lillian Gish estava se tornando familiar à medida que o filme era exibido pelas cidades norte-americanas nos já citados Nickelodeons. Mas os admiradores não sabiam para onde enviar suas cartas expondo suas impressões, pois a idéia de escrever para a atriz de um filme parecia estranha e sem sentido à época. Com o tempo os jornais e revistas começaram a fornecer o endereço dos estúdios e os fãs puderam escrever para suas estrelas. Lillian começou então a receber diversas cartas e para sua surpresa muitas eram de crianças. É de exercitarmos a imaginação do ocorreria com Lillian em uma época em que ela facilmente poderia ser seguida pelo Twitter por qualquer um que a admirasse.

Em 1915 Griffith dirigiu o filme considerado o mais polêmico por muitos críticos e estudiosos do cinema, “The Birth of a Nation” (O Nascimento de uma Nação) por tratar de forma preconceituosa o surgimento da Ku Klux Klan. A parte das polêmicas, o filme tem sua dose de romance em que Lillian protagoniza uma cena de beijo com o mocinho, estrategicamente filmada ao longe com apenas um selinho rápido. Bem diferente das tórridas cenas de sexo que vemos até em filmes da Sessão da Tarde.

A consagração de Lillian Gish como a atriz mais famosa do cinema mudo se deu em 1919 com “Broken Blossons” (Lírio Partido). Neste filme ocorre o amadurecimento profissional de Lillian ao interpretar Lucy, uma garota de 20 anos que apanha brutalmente do pai alcoólatra. Um dia após uma terrível briga, Lucy escapa do quarto em que fica trancada e sai correndo pela rua louca de dor e terror. O chinês Cheng Huan a encontra e a acolhe em seu quarto deitando-a com uma boneca. O pai descobre e vai atrás da filha. Assustada Lucy foge de volta para casa, se escondendo no closet. O pai então quebra a porta e a espanca até a morte. O chinês invade a casa, mata o pai e carrega o corpo de seu “lírio partido” até uma espécie de altar, onde enfia um punhal no coração morrendo sobre o corpo da amada. Um drama tão trágico como esse pode nos ajudar a compreender ainda mais o quanto por muitos anos a repressão da mulher heroína sofredora era atrativo de bilheteria.

Mas no meio de tanto machismo característico da época em seus papéis, mesmo assim Lillian Gish foi pioneira. Ela aprendeu de forma tão efetiva as técnicas de filmagem e criação de histórias com o diretor D.W. Griffith, que o seu dom e talento a colocaram como uma das primeiras diretoras da história do cinema. Em 1920 ela dirigiu a irmã Dorothy Gish e o cunhado James Rennie no filme “Remodeling her Husband”, cuja cópia está infelizmente perdida.

Após a década de 30, com o fim do cinema mudo e início do cinema falado Gish retornou sua carreia ao teatro. O último longa em que atuou foi no ano de 1987 em As Baleias de Agosto”  dirigido por Lindsay Anderson. Gish viria a falecer em 1993 com quase 100 anos de idade, quase com a mesma idade da sétima arte que tanto a consagrou.






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